Sinônimos e Nomes populares:
Excesso de peso corporal, aumento do peso corporal; aumento de gordura, gordura.
Denomina-se obesidade uma enfermidade caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, associada a problemas de saúde, ou seja, que traz prejuízos à saúde do indivíduo.
No mundo ocidental, a obesidade, e definida como pacientes que apresentem um índice de massa corpórea [IMC = peso (kg)/altura (m)2] maior que 30 kg/m2.
Nas diversas etapas do seu desenvolvimento, o organismo humano é o resultado de diferentes interações entre o seu patrimônio genético (herdado de seus pais e familiares), o ambiente sócioeconômico, cultural e educativo e o seu ambiente individual e familiar. Assim, uma determinada pessoa apresenta diversas características peculiares que a distinguem, especialmente em sua saúde e nutrição.
A obesidade é o resultado de diversas dessas interações, nas quais chamam a atenção os aspectos genéticos, ambientais e comportamentais. Assim, filhos com ambos os pais obesos apresentam alto risco de obesidade (cerca de 80%), bem como determinadas mudanças sociais estimulam o aumento de peso em todo um grupo de pessoas. Recentemente, vem se acrescentando uma série de conhecimentos científicos referentes aos diversos mecanismos pelos quais se ganha peso, demonstrando cada vez mais que essa situação se associa, na maioria das vezes, com diversos fatores.
Independente da importância dessas diversas causas, o ganho de peso está sempre associado a um aumento da ingesta alimentar e a uma redução do gasto energético correspondente a essa ingesta. O aumento da ingesta pode ser decorrente da quantidade de alimentos ingeridos ou de modificações de sua qualidade, resultando numa ingesta calórica total aumentada. O gasto energético, por sua vez, pode estar associado a características genéticas ou ser dependente de uma série de fatores clínicos e endócrinos, incluindo doenças nas quais a obesidade é decorrente de distúrbios hormonais.
O excesso de gordura corporal não provoca sinais e sintomas diretos, salvo quando atinge valores extremos. Independente da severidade, o paciente apresenta importantes limitações estéticas, acentuadas pelo padrão atual de beleza, que exige um peso corporal até menor do que o aceitável como normal. Nos Estados Unidos, calcula-se que são gastos anualmente com programas de emagrecimento, drogas para tratamento da obesidade e programas de condicionamento físico cerca de 33 bilhões de dólares ao ano. Para tratar as comorbidades diretamente ligadas a obesidade são gastos três vezes mais (cerca de 99 bilhões de dólares ao ano). Sendo assim, a obesidade é um problema de saúde pública com implicações socioeconômicas representativas. Em geral, um aumento de 20% acima do peso médio aceito para a idade, ja leva a um aumento nas taxas de mortalidade de 20% para homens e de 10% para mulheres.
A obesidade é em si um fator de risco para mortalidade e especialmente os jovens obesos tendem a morrer antes daqueles que se enquadram na média do peso ideal.
Sendo assim, a obesidade é fator de risco para uma série de doenças ou distúrbios (comorbidades) que incluem:
Hipertensão arterial
Distúrbios lipídicos
Doenças cardiovasculares
Hipercolesterolemia
Doenças cérebro-vasculares
Diminuição de HDL ("colesterol bom")
Diabetes Mellitus
Câncer
Osteoartrite
Distúrbios menstruais/Infertilidade
Colelitiase
Desajustes Psicossociais
Apnéia do sono
Duas complicações (comorbidades) da obesidade que podem levar a risco de vida são a coronariopatia e o diabetes. As taxas de mortalidade por câncer estão aumentadas em mulheres obesas para tumores malignos de endométrio (5,4 vezes), vesícula (3,6 vezes), colo uterino (2,4 vezes), ovário (1,6 vez) e mama (1,5 vez). Em homens obesos estão aumentados para os tumores malignos colorretais (1,7 vez) e de próstata (1,3 vez). Além da obesidade em si, a distribuição corporal do tecido adiposo em dois subtipos ou biótipos: o tipo "maçã" ou andróide onde o perímetro abdominal é maior que o perímetro dos quadris e o tipo "pêra" ou ginecóide onde o perímetro abdominal é menor que o dos quadris é considerado como fator de risco independente para morbimortalidade, sendo maior no tipo "maçã" ou andróide.
Assim, pacientes obesos apresentam severo risco para uma série de doenças e distúrbios, o que faz com que tenham uma diminuição muito importante da sua expectativa de vida, principalmente quando são portadores de obesidade mórbida.
O tratamento da obesidade envolve a reeducação alimentar, o aumento da atividade física e, eventualmente, o uso de algumas medicações auxiliares. Nos casos de obesidade secundária a outras doenças, o tratamento deve inicialmente ser dirigido para a causa do distúrbio.
Independente do tratamento proposto, a reeducação alimentar é fundamental, uma vez que, através dela, reduziremos a ingesta calórica total e o ganho calórico decorrente. Esse procedimento pode necessitar de suporte emocional ou social, através de tratamentos específicos (psicoterapia). Nessa situação, são amplamente conhecidos grupos de reforço emocional que auxiliam as pessoas na perda de peso (acompanhamento por equipe multidiciplinar).
Independente desse suporte, porém, a orientação dietética é fundamental.
É importante considerar que atividade física é qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos que resulta em gasto energético e que exercício é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de melhorar ou manter o condicionamento físico.
Uma dieta saudável deve ser sempre incentivada já na infância, evitando-se que crianças apresentem peso acima do normal. A dieta deve estar incluída em princípios gerais de vida saudável, na qual se incluem a atividade física, o lazer, os relacionamentos afetivos adequados e uma estrutura familiar organizada. No paciente que apresentava obesidade e obteve sucesso na perda de peso, o tratamento de manutenção deve incluir a permanência da atividade física e de uma alimentação saudável a longo prazo. Esses aspectos somente serão alcançados se estiverem acompanhados de uma mudança geral no estilo de vida do paciente.